
...E Rosa se questiona numa tal de Ficção Completa (441) :
"Não haveria em mim uma existência central, pessoal ou autonoma? Seria eu um...des-almado? Então, o que se me fingia de um suposto eu, não era mais que, sobre a persistência do animal, um pouco de herança, de soltos instintos, energia passional estranha, um entrecruzar-se de influências, e tudo o mais que na impermanência se define? Diziam-me isso os raios luminosos e a face vazia do espelho - com rigorosa infidelidade. E, seria assim, com todos? Seríamos não muito mais que as crianças - o espírito do viver não passando de ímpetos espasmódicos, relampejados entre as imagens: a esperança e a memória.
Mas, o senhor estará achando que desvario e desoriento-me, confundindo o físico, o hiperfísico e o transfísico, fora do menor equilíbrio de raciocínio ou alinhamento lógico - na conta agora caio. Estará pensando que, do que eu disse, nada se acerta, nada prova nada. Mesmo que tudo fosse verdade, não seria mais que reles obsessão auto-sugestiva, e o despropósito de pretender que psiquismo ou alma se retratassem em espelho..."
"Trebusco", como o próprio, saber se cheguei a existir ou a imagem que ouso continuar tentando não enxergar me insere onde eu deveria estar; o lirismo ainda me transforma em mundo todos os dias e meus eu's se confundem com a constante mudança. De um lado vejo o lúdico, do outro, por sua vez, aquele velho e bom Ludovico - de Luigi - ou se preferires: o de Kubrick... opostos? Talvez! Mas ambos são arte, imagens, sentidos - espelho da alma ou psiquismo - ambos são eu e são você, vocês; nossos eu's!
(Bagatellas)